quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Igreja segundo a Biblia

I. Definição de Igreja

A igreja é o corpo coletivo dos Cristãos. Ela se refere ao grupo de crentes que tem sido servido das dádivas de salvação de Deus e tem estabelecido um relacionamento apropriado com Cristo. Aquele que entrou em Cristo mediante a conversão se tornou um membro da Igreja, o corpo de Cristo. Pessoas que constituem a Igreja não são mais Judeus ou gentios, eles são o novo povo de Deus. Eles sustentam uma relação especial com Deus e foram chamados para um propósito divino específico. Se tornar membro desta assembléia divina é gozar do maior privilégio da vida.

1. A palavra inglesa “Igreja”. A palavra “igreja” na língua inglesa é derivado da palavra grega Kuriakos, pertencente ao Senhor. Ela chegou até nós pela palavra Anglo-Saxônica circe, e está relacionada com a palavra escocesa kirk e à alemã kirche. A igreja pertence ao Senhor; é Sua possessão.

O nome to kuriakon ou he kurike antes de mais nada designa o lugar onde se reúne a Igreja. Este lugar tem-se como pertencente ao Senhor, e foi então chamado kuriakon. Mas o lugar em si estava vazio e não se manifestava como to kuriakon até que a Igreja se reunisse para adorar. Conseqüentemente, a palavra foi transferida para Igreja em si, o edifício espiritual de Deus. (Berkhof. Op. cit., pág. 557.)

Em uso moderno, o termo “igreja” é aplicado de muitas formas. É usado em referência a um edifício no qual os Cristão se encontram, uma congregação local do crentes, um serviço de culto, o ministério ou profissão clerical, o corpo universal dos verdadeiros Cristãos, Cristandade ou a soma de todos os Cristãos professos, uma denominação religiosa, os adeptos d uma religião, por exemplo, a Igreja Judaica e a Igreja Budista.

2. A palavra grega “ekklesia.” A palavra “igreja” na Bíblia inglesa é traduzida da palavra grega ekklesia, a qual deriva de ek, fora de, e kaleo, eu chamo. A forma latina da palavra é ecclesia. A ekklesia é a assembléia ou congregação de pessoas chamadas. Ekklesia ocorre 115 vezes no Novo Testamento grego. Na Bíblia em inglês, a palavra foi traduzida “igreja” 112 vezes e “assembléia” 3 vezes. Além de ser traduzida “igreja” ou “igrejas”, ekklesia ocorre com outros termos, como, “igreja de Deus” (Atos 20: 28; 1Coríntios 1: 2; 10: 32; 11: 22; 15: 9; 2Corintios 1: 1; Gálatas 1: 13; 1Timóteo 3: 5), “igrejas de Deus” (1Coríntios 11: 6; 1Tessanolissenses 2: 14; 2Tessanolissenses 1: 4), “igreja do Deus vivo” (1Timóteo 3: 15), “Igrejas de Cristo” (Romanos 16: 16), e “igreja dos primogênitos” (Hebreus 12: 23).

3. Uso tríplice da palavra “ekklesia.” Na Bíblia, “ekklesia” tem um uso grego secular (Atos 19: 32, 39, 41), um uso pré Judaico-Cristão (Atos 7: 38; Hebreus 2: 12), e um uso Cristão do Novo Testamento.

(1) Assembléia Política Grega. Na vida política das cidades-estado gregas (Atenas, Esparta, etc.), os gregos usaram a palavra ekklesia para se referir à reunião regular de todos os cidadãos livres, que foram convocados das áreas habitadas por um mensageiro. Ela referia-se a uma sociedade de governo democrático próprio na qual todos os cidadãos eram reunidos para tomar decisões concernentes aos seus assuntos de governo. Os gregos também usavam a palavra para se referir a qualquer ajuntamento ocasional do povo. Em Atos 19: 32, 41, ekklesia refere-se ao ajuntamento na confusa população no templo de Éfeso para protestar a pregação de Paulo contra a adoração a ídolo.

(2) Assembléia Teocrática Judaica. A verdadeira Igreja, o corpo de Cristo, é um ensino do Novo Testamento. A palavra “igreja” ou ekklesia não ocorre no Velho Testamento, que foi escrito em língua hebraica. A congregação dos israelitas reunida era designada pela palavra hebraica kahal, assembléia ou congregação. Cerca de 280 AC., judeus que falavam o grego em Alexandria, no Egito, traduziram o Velho Testamento hebraico para a língua grega; esta tradução é conhecida como a Versão Septuaginta do Velho Testamento. Esta versão era comumente utilizada no tempo do Novo Testamento. Jesus e os escritores do Novo Testamento citaram da Septuaginta assim como do Velho Testamento hebraico. A palavra grega usada pelos tradutores da Septuaginta para a palavra hebraica kahal foi ekklesia. Ekklesia é usada cerca de cem vezes na Septuaginta. Ela referiu-se a Israel como uma congregação ou assembléia. (Êxodo 12: 6; Números 14: 5; Deteronômio 4: 10; 18: 16; 23: 8; 1Reis 8: 1- 5; Jeremias 23: 17.) “Congregação” em Salmos 22: 22 é traduzido “igreja” quando o verso é citado em Hebreus 2: 12.

Estevão descreveu Moisés como estando na “igreja no deserto.” Ele disse: “Este é ele, o que estava na igreja no deserto com o anjo que lhe falou no Monte Sinai, e com nossos pais: o qual recebeu os oráculos da vida para no-las dar.” (Atos 7: 38.) O uso da palavra “igreja” neste verso não ensina que Israel e Igreja são idênticos, nem ensina que a verdadeira Igreja do Novo Testamento existiu durante a era do Velho Testamento. A palavra “igreja” neste verso é usada num sentido pré-Cristão; ela refere-se à congregação ou assembléia de Israel. Israel era o reino de Deus, não a Igreja de Deus. A Igreja não é o reino. A igreja consiste de pessoas chamadas dentre judeus e gentios para a “aristocracia governamental” ou “assembléia administrativa legal” do futuro reino de Deus.

De muitas formas, ekklesia era uma descrição apropriada para Israel, o reino teocrático de Deus. Abraão, fundador da nação, convocado de seu lar em Ur para a terra Prometida (Gênesis 12: 1), e Israel foi retirado do Egito (Oséias 11: 1) para ser separado de todas as outras nações. Os israelitas, reunidos de suas tendas pelo som da trombeta e ajuntados em uma área diante do tabernáculo no deserto, se colocaram diante de Deus como Sua assembléia, Seus convocados.

(3) A Igreja do Novo Testamento. Quando usada no Novo testamento em sentido religioso, a ekklesia refere-se à verdadeira Igreja, a assembléia dos Cristãos, o corpo de Cristo. A Igreja verdadeira não é a assembléia dos Israelitas no deserto nem o ajuntamento dos cidadãos em Éfeso. A Igreja é uma assembléia de crentes, que foram chamados para fora do mundo pela proclamação do evangelho, os quais foram separados para Deus, e estão unidos a Cristo como Sua possessão.

O uso de ekklesia no Novo Testamento para se referir à Igreja foi possivelmente adaptado do uso da palavra pelos judeus mais que pelos gregos. A assembléia dos crentes no Novo Testamento foi designado como a ekklesia, não por ser como a assembléia política grega, mas porque era como a congregação ou assembléia hebraica. O uso de ekklesia em referência à Igreja verdadeira, nem tão pouco foi uma palavra de excelente escolha, pois ekklesia tinha certas conotações para ambos gregos e judeus. Para os gregos, esta palavra figurava a Igreja como uma sociedade democrática auto-governável, chamados do mundo por um mensageiro. Para os judeus, esta palavra figurava a Igreja como o povo de Deus, “o pequeno rebanho, o remanescente,” que se colocam numa relação especial com Deus. Pedro descreveu a sociedade Cristã usando os títulos de honra que anteriormente pertenceram à congregação de Israel. “Vós sois a geração escolhida, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo peculiar” (1Pedro 2: 9).

II. Igreja Invisível e Visível

A palavra “igreja” é usada de uma maneira dupla no Novo Testamento. Escritores do Novo Testamento usaram a palavra “igreja” algumas vezes para se referir à verdadeira e completa Igreja. Em outras vezes, eles usaram a palavra para se referir à Igreja visível e local. Nosso Salvador usou a palavra “igreja” em somente duas ocasiões. (Mateus 16:18; 18: 17.) Jesus referiu-se à Igreja completa e invisível na primeira ocasião. “Sobre esta rocha,” disse Jesus, “edificarei a minha Igreja” (Mateus 16: 18). Na Segunda ocasião, Jesus referiu-se à Igreja visível, a congregação local. “E se ele não os escutar, dize-o à igreja: mas se não ouvir a igreja, que ele seja para vós um gentio e um publicano” (Mateus 18: 17).

1. Igreja completa e invisível. A Igreja invisível e completa ou “universal” consiste de todos os crentes verdadeiros que viveram durante a era da Igreja. Isso inclui pessoas que já dormiram na morte, bem como aqueles que agora vivem. A Igreja estará completa e reunida quando Jesus vier; a Igreja invisível então se tornará a Igreja visível. A Igreja invisível todos os verdadeiros Cristãos em relação aos séculos ou países em que viveram durante a era da Igreja. Muitos Cristãos verdadeiros nunca se encontraram e não se verão até a ressurreição. Cada Cristão verdadeiro contudo, pertence a uma verdadeira Igreja invisível, a qual é o corpo de Cristo, a habitação de Deus através do Seu Espírito, o pilar e alicerce da verdade. Algumas escrituras que se referem à Igreja como assembléia invisível ou corpo dos verdadeiros crentes, são: Mateus 16: 18; 1Coríntios 12: 28; Efésios 1: 22; 3: 10, 21; 5; 23-25, 27, 32; Colossenses 1: 18, 24; Hebreus 12: 23. O escritor de Hebreus referiu-se à Igreja completa e invisível quando ele mencionou “a assembléia geral ou a igreja dos primogênitos, que estão escritos no céu”(Hebreus 12: 23). Paulo escreveu: “Porque eu sou o último dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus”(1Coríntios 15: 9; veja também, Gálatas 1: 13). Ele usou a palavra “igreja” em seu sentido invisível e universal quando disse: “Não deis escândalo, nem aos judeus, nem aos gentios, nem à Igreja de Deus” (1Coríntios 10: 32).

2. Igreja visível e local. A Igreja visível e local é um corpo de crentes professos que estão presentes em uma localidade. É uma congregação local de Cristãos que espontaneamente se uniram em acordo com a palavra de Deus, se encontrando em certos locais e em tempos definidos. Na Igreja local, a Palavra de Deus é pregada e as ordenanças (batismo e ceia) são observadas. Verdadeiros crentes que pertencem à Igreja local e visível também pertencem à Igreja invisível e universal.

As escrituras que se referem à Igreja como uma congregação local dos crentes reunidos para adoração incluem: Atos 5: 11; 11: 26; 1Coríntios11: 18; 14: 19, 28, 35. Congregações locais geralmente ocorrem nas casas dos membros, desde que não haja templo edificado. O primeiro edifício como Igreja foi eregido no reinado de Alexandre Severus (222-235). As escrituras que se referem a igrejas locais como o encontro para adoração nos lares dos membros incluem: Romanos 16: 23; 1Coríntios 16: 19; Colossenses 4: 15; Filemon 2. Escritores do Novo Testamento referiram-se a uma congregação local ou congregação dos crentes quando eles mencionaram: “a igreja que estava em Jerusalém” (Atos 8: 1; 11: 22), “a igreja que estava em Antioquia” (Atos 13: 1), “a igreja que está em Cencréia” (Romanos 16: 1), “todas as igrejas dos gentios”(Romanos 16: 4), “as igrejas de Deus que estão em Corinto” (1Corintíos 1: 2; 2Coríntios 1: 1), “as igrejas da Galácia”(1Coríntios 16: 1); “as igrejas da Ásia”(1Coríntios 16: 19), “as igrejas da Macedonia”(2Coríntios 8: 1), “as igrejas da Galácia” (Gálatas1: 2), “as igrejas da Judéia” (Gálatas 1: 22), “a igreja de laodicéia”(Colossenses 4; 16), “a igreja de Tessalônica” (1Tessanolissenses 1: 1; 2Tessanolissenses 1: 1), “as igrejas de Deus na Judéia em Cristo Jesus”(1Tessanolissenses 2: 14), “as sete igrejas que estão na Ásia” (Apocalipse 1: 4), “a igreja de Éfeso” (Apocalipse 2: 1), “a igreja de Smirna” (Apocalipse 2: 8), “a igreja de Pérgamo” (Apocalipse 2: 12), “a igreja de Tiatira” (Apocalipse 2: 18), “a igreja de Sardes”(Apocalipse3: 1), “a igreja de Filadelfia”(Apocalipse3: 7), e “a igreja de Laodicéia”(Apocalipse 3: 14).

III. A Igreja militante, dormente e triunfante

A Igreja em suas várias fases pode ser descrita como Igreja Militante, Igreja Dormente, e Igreja Triunfante.

1. A Igreja Militante. A Igreja Militante refere-se à Igreja vivente na presente dispensação como a que serve ao Senhor e está engajada numa santa batalha. Os membros da Igreja são figurados como soldados Cristãos que “lutam não contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra os poderes, contra os governantes da escuridão deste mundo, contra as impiedades espirituais nos lugares celestiais” (Efésios 6: 10- 18). O Cristão é exortado a “permanecer firme, como bom soldado de Jesus Cristo” (2Timóteo 2: 3, 4). A Igreja Militante designa os crentes viventes que trabalham fielmente ao Senhor.

2. A Igreja Dormente. A Igreja dormente refere-se a todos os verdadeiros Cristãos que “lutaram um bom combate,” que cumpriram suas “carreiras” e que “guardaram a fé” (2Timóteo 4: 7). Eles serviram “no seu tempo pela vontade de Deus” e “dormiram” em Cristo. (Atos 13: 36; 1Coríntios 15: 6, 18.) Eles são os “mortos em Cristo” (1Tessanolissenses 4: 16), não mais servindo, trabalhando, e guerreando por Cristo, mas estão descansando, dormindo, e esperando inconscientes em suas sepulturas (Salmos 146: 4) pelo retorno de Jesus. Toda a Igreja hoje está dividida entre a Igreja Militante e a Igreja dormente, os que estão vivos e os que estão mortos.

3. A Igreja Triunfante. A Igreja triunfante refere-se à verdadeira Igreja que será completada e glorificada quando Jesus vier. Quando Jesus vier, “os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro: então nós os que estivermos vivos e permanecermos seremos arrebatados juntos com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares”(1Tessanolissenses 4: 16, 17). Teólogos que crêem na imortalidade da alma afirmam que a Igreja triunfante designa os Cristãos que morreram e foram ao céu. Os Católicos Romanos falam, não de uma Igreja militante e triunfante, mas também de uma Igreja sofredora, referindo-se aos crentes que estão no purgatório. De acordo com a Bíblia, o purgatório não existe e os crentes não vão ao céu na morte. (João 3: 13.) Os Cristãos mortos estão inconscientes e esperam em suas sepulturas até a ressurreição. A Igreja triunfante não estará em existência até que Jesus venha. Os Cristãos mortos, a Igreja dormente, será ressuscitada para a imortalidade; os Cristãos vivos, a Igreja militante, será transformada para a imortalidade “num piscar de olhos” (1Coríntios 15: 51- 54). Paulo esperou receber sua coroa de justiça quando Jesus vier. “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” (2Timóteo 4: 8).

IV. A Igreja e o Reino

A Igreja não é o futuro reino de Cristo. O reino de Cristo não será estabelecido até que Ele volte a terra como Rei dos reis. Cristo exerce autoridade sobre os crentes vivos hoje, mas Ele não vai se assentar sobre Seu trono de glória e governar sobre Seu reino até que venha. (Apocalipse 3: 21; Mateus 25: 31.) A vida do Cristão é em miniatura Deus “amanhã” e a Igreja é a “aristocracia governante” do futuro reino de Cristo, mas a Igreja não é hoje o reino. Hoje vivemos na era da Igreja; a era do Reino começará quando Jesus voltar. Hoje, Deus está tirando fora das nações “um povo para seu nome” ( Atos 15: 14). Nosso Senhor é como um nobre homem que “saiu para um país distante para receber um reino para si, e retornar” (Lucas 19: 11- 15). Jesus ascendeu ao céu para ser coroado Rei. (Daniel 7; 13, 14.) Ele exercerá Seu reinado e se assentará no Seu trono de glória quando Ele retornar. A Igreja compartilhará o futuro governo de Cristo. Os vencedores serão co-herdeiros com Cristo. (Romanos 8: 17; 2Timóteo 2: 12.) Os crentes serão “reis e sacerdotes” (Apocalipse 1: 6). Cristo “para nosso Deus nos fez reis e sacerdotes, e eles reinarão sobre a terra” (Apocalipse 5; 10). “Eles viveram e reinaram com Cristo mil anos” (Apocalipse 20: 4). A Igreja governará com Cristo em Seu futuro Reinado.

CAPÍTULO LXVII

O NOVO POVO DE DEUS

A Igreja é o novo povo de Deus. Os crentes se tornam novas criaturas em Cristo Jesus, e se tornam partes de um novo grupo da humanidade. Pedro disse aos Cristãos: “Vós sois uma geração escolhida, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo peculiar; para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz: vós que em tempo passado não éreis povo, mas agora sois povo de Deus: os quais não tínheis obtido misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.” (1Pedro 2: 9, 10). No concílio em Jerusalém, Tiago declarou: “Simão declarou como Deus no princípio visitou os gentios, para tomar dentre eles um povo para seu nome”(Atos 15: 14). Paulo escreveu que Cristo “se entregou por nós, e pode nos redimir de toda iniquidade, e purificar pra si um povo peculiar, zeloso de boas obras” (Tito 2: 14). “Que concerto tem o povo de Deus com os ídolos? Pois vós sois templo do Deus vivo, como disse Deus, Eu habitarei neles, e neles andarei; e serei o Deus deles, e eles serão meu povo” (2Coríntios 6: 16).

I. Três grupos da humanidade

A Igreja é um dos três grupos dentre os quais todos os homens são divididos. Paulo escreveu: “Não causeis ofensa, nem ao judeus, nem aos gentios, nem à igreja de Deus”(1Coríntios 10: 32). De acordo com esta classificação divina , todo homem é judeu, gentio, ou parte da Igreja de Deus. Os judeus constituem a nação do concerto de Deus, Israel. Os gentios constituem a humanidade não judaica, as nações. A Igreja de Deus é o corpo de Cristo, consistindo de ambos judeus e gentios.

Estes três grupos nem sempre existiram. Durante o tempo entre Adão e Abraão, havia unicamente um grupo, as nações ou gentios. Durante o tempo entre Abraão e o ministério terreno de nosso Senhor, houve dois grupos da humanidade, as nações e a nação, ou gentios e judeus. Hoje, durante os séculos entre o Pentecostes e o retorno de Cristo, existem tr6es grupos: as nações, a nação e a Igreja; gentios, judeus e a Igreja de Deus. Cada um destes três períodos existiu por cerca de dois mil anos. Durante o primeiro período, Deus trabalhou com a massa da humanidade; durante o segundo, Ele trabalhou principalmente com a nação, Israel; durante o terceiro, Ele está trabalhando principalmente com a Igreja. Nós vivemos na dispensação da Igreja.

1. Gentios. Todos os homens, por nascimento natural, ou é gentio ou judeu. Gentios são as pessoas que não são judias. Israel, a nação escolhida de Deus, não existiu antes que Deus escolhesse Abraão para se tornar seu ancestral. Antes da existência do concerto de Deus, todos os homens eram gentios. Depois do dilúvio, as nações se originaram do três filhos de Noé. (Gênesis 9: 19; 10: 32.) Ao princípio, todos os homens estavam unidos. Eles tinham uma língua, viviam juntos como um povo; eles conheciam um único Deus. A humanidade se degenerou porém, da civilização para a selvageria e do monoteísmo para o paganismo. Havendo dado as costas para a luz, o homem mergulhou na escuridão. Como um juízo divino, Deus alterou a língua das nações e as espalhou por entre os continentes. (Gênesis 11: 1- 9.) A longa noite do paganismo havia começado.

2. Israel. Habitando no paganismo, a massa da humanidade não agradava a Deus. Através de Seu plano de salvação, Deus propôs o resgate das nações da escuridão e restaurá-las para a luz. Ele desejou salvá-las do pecado para a justiça, da idolatria para o monoteísmo, e da mitologia para a verdade. Ele queira que todas as nações O adorassem como único e verdadeiro Deus e vivessem de acordo com Seus princípios de justiça. Para cumprir Sua obra em reclamar para Si a humanidade, Deus planejou trabalhar através de uma nação escolhida a qual seria exemplo e testemunha missionária para outras nações. Porém, nenhuma das nações existentes sobre a terra, estava qualificada para esta obra de redenção. Todas as nações haviam se degenerado para o paganismo. Todas as nações igualmente necessitavam de redenção. Desta forma, Deus planejou formar Sua própria nação especial para este propósito. Assim, Deus escolheu Abraão para ser o fundador de Sua nação missionária, Israel. Nunca teria existido Israel se não fosse pela obra de Deus. A origem, continuação, e preservação da nação resultou da obra miraculosa de Deus. A nação escolhida de Deus foi exaltada sobre todas as nações. (Êxodo 19: 5, 6; Deuteronômio 7: 6; 14: 1,2; 26: 16- 19.) Deus colocou Sua nação na terra de Canaã, a ponte para os três continentes, o cruzamento do mundo, o centro da terra. Israel deveria ser uma luz brilhando na escuridão, uma nação sacerdotal para trazer as nações pagãs de volta para Deus. Para vir até Deus, os gentios deveriam deveriam se tornar parte da nação escolhida de Deus. Principalmente a história do Antigo Testamento descreve a obra de Deus com uma nação escolhida.

3. A Igreja. Durante os séculos desde o ministério terreno de Cristo, Deus tem trabalhado com um novo grupo da humanidade, a Igreja de Deus. I Igreja é um novo povo que consiste de ambos, judeus e gentios. “Não há judeu nem grego, não há escravo ou livre, não há macho ou fêmea: pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3: 28). “Onde não há grego ou judeu, circuncisão ou incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre: mas Cristo é tudo em todos”(Colossenses 3: 11). Quando os pecadores aceitam Jesus como Senhor e Salvador, eles não mais são considerados judeus ou gentios à vista de deus; as distinções velhas desaparecem. Os homens se tornam novas criaturas e partes de um novo grupo da humanidade; eles são membros da Igreja.

Conceder aos gentios uma posição de igualdade quanto ao povo do concerto do Velho Testamento significa ao mesmo tempo o cancelamento do privilégio da posição do judeu e o colocar aparte Israel como nação (Romanos 11: 25). A visão da posição da nação de Israel na história de salvação da presente era é assim um parêntese. O gentio pode agora beber do manancial da salvação sem que antes tenha de obter a permissão do judeu. (Romanos 10: 12, 13.) Um endurecimento parcial apanhou Israel, mas a sua “queda” é a riqueza do mundo. (Romanos 11: 25, 11, 12.) Estes distantes se tornaram próximos (Efésios 2: 11- 13) : os crentes gentios tem o mesmo direito que o crente judeu. Eles são co-herdeiros, e membros companheiros do corpo, co-participantes, concidadãos com os santos (Efésios 3: 6; 2: 19). Eles são os que compartilham das possessões espirituais (Romanos 15: 27), e são juntos com eles “um novo homem”, o corpo de Cristo (Efésios 2: 15, 16). Sendo assim, na Igreja a distinção não mias governa. (Erich Sauer. Op. cit., pág. 64.)

II. Três grupos relatados

Para as nações, Cristo é a pedra que destrói.(Daniel 2: 34, 35, 44, 45;Apocalipse 19:11- 16.) Para Israel, Cristo é a pedra de tropeço. (Isaías 8: 14, 15: Mateus 21: 33, 34.) Para a Igreja, Cristo é a pedra de fundação. (Isaías 28: 16; Efésios 2: 20, 21.) As nações negaram a Cristo; elas serão quebradas em pedaços. Israel rejeitou a Cristo; eles forma espalhados entre as nações. A Igreja tem aceitado a Cristo; ela está edificada sobre Ele.

Os gentios são figurados como um homem numa imagem de metal no sonho de Nabucodonozor. (Daniel 2: 31- 45.) Israel é figurado como um homem e um exército, que está sem vida e de quem os osso estão separados, na visão de Ezequiel do vale dos ossos secos. (Ezequiel 37: 1- 11.) A Igreja é figurada como um homem, o novo homem em Cristo Jesus, um corpo composto de ambos judeus e gentios com Cristo como cabeça. (Efésios 2: 11- 19.)

A Festa das Trombetas, onde Israel se reunia pelo soar das trombetas (Levítico 23: 23- 25), é profética de eventos ocorrendo nos últimos dias da era da Igreja. As trombetas proféticas estão a soar para ajuntar as nações para a batalha e juízo (Joel 2: 1; 3: 9- 16), para ajuntar Israel na terra da Palestina (Isaías 27: 12, 13), e para ajuntar a Igreja na nuvem de glória no retorno de Cristo (1Tessanolissenses 4: 16, 17; 1Coríntios 15: 52, 52).

Durante a era do Reinado, Deus trabalhará com todos os três grupos da humanidade. A Igreja será completa e glorificada. Os Cristãos mortos serão ressuscitados, e os Cristãos vivos serão transformados na segunda vinda de Cristo. A Igreja glorificada será arrebatada para encontrar o Senhor nos ares, e estará com Ele quando Ele aparecer para as nações como o Rei dos reis. Israel, espalhado entre as nações e perseguidos durante a era da Igreja, será resgatado para a Palestina, convertido a Cristo como Messias, e exaltado entre todas as nações. Israel então irá cumprir sua obra sacerdotal de trazer as nações até Deus. As nações ou gentios as quais forem salvas do dia da ira, servirão a Cristo, o Rei, e viverão em paz e justiça. (Zacarias 14: 16; Miquéias 4: 1- 4.)

A qual grupo da humanidade você pertence? Você é judeu, gentio, ou membro da Igreja de Deus? Uma pessoa só pode pertencer a um grupo exclusivamente. Todo homem nasce judeu ou um gentio; ninguém nasce como membro da Igreja de Deus. Aceitando as dádivas de salvação de Deus, o pecador, sendo judeu ou gentio, pode se tornar um membro da Igreja, o novo povo de Deus.

CAPÍTULO LXVIII

FORMAÇÃO HISTÓRICA DA IGREJA

A verdadeira Igreja do Novo Testamento foi fundada por nosso Senhor Jesus Cristo. Depois que Pedro fez sua histórica confissão de fé, “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”(Mateus 16: 16), Jesus declarou: “E eu te digo, que tu és Pedro, e sobre esta rocha edificarei a minha igreja, e os portões do inferno não prevalecerão contra ela”(Mateus 16: 18). Jesus é o fundador e construtor da Igreja. A “rocha” sobre a qual Jesus construiria a Sua Igreja não era Pedro, a palavra grega petros, uma simples pedra ou cascalho; era sobre o próprio Jesus e conforme a confissão de fé de Pedro sobre Sua divina filiação. A “rocha” vem da palavra grega “petra” a proeminência de uma rocha ou bloco inamovível. Petra ocorre dezesseis vezes no Novo Testamento. Ela é usada cinco vezes simbolicamente para se referir a Cristo. (Mateus 16; 18; Romanos 9: 33; 1Coríntios 10: 4; duas vezes; 1Pedro 2: 8.) Jesus é a única fundação da Igreja. (1Coríntios 3: 11.)

O fato de Jesus ter dito: “Eu edificarei a minha igreja”, mostra que antes deste tempo a Igreja não existia. O corpo de Cristo não pode funcionar até que Jesus se colocasse como cabeça “de todas as coisas para a igreja, a qual é seu corpo, a plenitude do que cumpre tudo em todos”(Efésios 1: 22, 23). Não poderia existir Igreja até que Jesus a adquiriu com Seu próprio sangue. (Atos 20: 28; Efésios 5: 25- 27.) A Igreja não pode possuir vida até que Cristo ressuscitou dos mortos para dar a ela a novidade de vida. (Colossenses 3: 1- 3.) A cabeça nasceu antes do corpo, a fundação foi lançada antes do edifício estar erguido; a noiva foi buscada pelo noivo. Assim como Adão foi criado antes que Eva fosse formada, assim o ministério de Cristo precedeu a formação da Igreja. Embora homens de fé houvessem vivido durante a dispensação do Velho Testamento (Hebreus 11), e o fato de que os fiéis de Israel vão estar no futuro reino, a Igreja, como corpo de Cristo não existiu no Antigo Testamento.

Jesus proveu a base para a formação da Igreja em Suas palavras, Suas obras, Sua vida sem mácula, Sua morte sacrificial, e Sua ressurreição para a imortalidade. Durante Seu ministério terreno, Jesus escolheu doze apóstolos para formar o núcleo de Sua Igreja, para serem “patriarcas” do novo povo de Deus, e testemunhas para Si. Antes que a Igreja fosse formada, Jesus deu duas ordenanças: batismo, mediante Seu próprio exemplo (Mateus 3: 13- 16) e Seus preceitos (Marcos 16: 15, 16; Mateus 28: 18- 20), e a Ceia do Senhor (Mateus 26:26- 29). Ele definiu o poder e autoridade da Igreja; Ele mostrou sua missão e obra mundial. Ele prometeu que Ele estaria com ela “até a consumação das eras.”

A Igreja teve sua origem histórica em Jerusalém no Pentecostes, a Festa Judaica das Semanas, no mesmo ano em que Jesus foi crucificado. Quarenta dias depois de Sua ressurreição, Jesus ascendeu aos céus. Antes de Sua ascensão, Ele “ordenou que eles não deviam partir de Jerusalém, mas esperar pela promessa do Pai, a qual, disse ele, vós ouvistes de mim”(Atos 1: 4; Lucas 24: 49). Em obediência à instrução de Cristo, os discípulos esperaram em Jerusalém até que Ele enviou a eles o Seu poder, o Espírito. (Lucas 24: 52, 53; Atos 1: 11- 14.) Exaltado no céu e havendo recebido o Espírito de Seu Pai, Cristo enviou o Espírito para a vida dos discípulos em Jerusalém. (Atos 2: 1- 21, 33.) O Espírito foi o meio pelo qual Cristo realizou Sua obra na Igreja. Mediante este poder, o cabeça uniu os discípulos em um corpo, Sua Igreja. Ele transformou suas vidas e deu a eles poder para realizar a obra. O sermão de Pedro para a multidão (Atos 2: 14-36) resultou na conversão de milhares de pessoas no Pentecostes. (Atos 2: 37- 41.)

O Pentecostes marcou não somente o princípio da Igreja, o corpo de Cristo, mas também a fundação da Igreja local e visível de Jerusalém. Lucas descreveu a alegria fraternal daquela primeira congregação dos crentes: “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e, naquele dia, agregaram-se quase três mil almas. E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade. E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(Atos 2: 41- 47).

Pentecostes, conhecido também como Festa das Semanas, era um festival anual de ação de graças do judeus observado em gratidão pela plena colheita na primavera. (Levítico 23: 15- 21.) Era conhecida como Pentecostes porque ocorria cinqüenta dias depois da Festa dos Primeiros Frutos. Ela durava um dia. Neste dia, o pão feito da colheita obtida na primavera era recortado diante do Senhor em ação de graças. O Pentecostes era a terceira maior festa religiosa anula de Israel. As três festas observadas na primavera eram a Festa da Páscoa, a Festa das Primícias(Primeiros Frutos), e a Festa das Semanas. As três festas observadas no outono eram a Festa das Trombetas, o Dia da Expiação, e a Festa dos Tabernáculos. A Festa da Páscoa comemorou a libertação de Israel da escravidão no Egito. Era profética de Cristo, nosso Cordeiro Pascal, sacrificado por nós. A Festa das Primícias era profética da ressurreição de Cristo para a imortalidade. Ele é primícias dos que na morte dormem e o primeiro a ressuscitar dos mortos para a imortalidade. A Festa das Semanas era profética da formação da Igreja, o que ocorreu numa das celebrações anuais desta antiga festa. A lei foi entregue a Israel no Monte Sinai no dia em que a Festa das Semanas era celebrada. O Espírito Santo foi concedido à Igreja anos mais tarde, no mesmo dia em que esta festa anual era observada. No Sinai, no Pentecostes, Israel compunha uma nação. Em Jerusalém, no Pentecostes, a Igreja era formada no corpo de Cristo. O fato de que a Festa das Semanas envolva o repartir do pão diante do Senhor é profético da unidade dos membros da Igreja. Membros da Igreja se tornam parte de um pão, um corpo, um edifício, e uma noiva.

De Jerusalém, os discípulos “partiram, e pregaram por todas as partes, o Senhor cooperando com eles, e confirmando a palavra com sinais que os seguiam” (Marcos 16: 20). Eles eram testemunhas de Cristo “em Jerusalém, na Judéia, e em Samaria, até aos confins da terra”(Atos 1: 8). Durante o primeiro século, Pedro, Paulo, e João foram os três principais líderes da Igreja. Atos 1- 12 descreve principalmente o trabalho de Pedro em Jerusalém como uma cidade central, com o evangelho sendo anunciado primeiramente aos judeus. Atos 13- 28 descreve principalmente o trabalho de Paulo, como Antioquia como cidade central, e com o evangelho sendo anunciado aos gentios em especial. Os Atos dos Apóstolos começam com Pedro em Jerusalém e conclui com Paulo em Roma. Perto do fim do primeiro século, depois da morte de Paulo, o centro da atividade do evangelho é mudado para Éfeso, onde o apóstolo João era o líder principal. (Apocalipse 1- 3.) Como resultado da obra missionária de Paulo, dos outros apóstolos, e dos primeiros Cristãos, as igrejas locais eram estabelecidas em quase todos os países do mundo mediterrâneo, incluindo Síria, Egito, Ásia Menor, Grécia Itália, Espanha, e outros.

Alva G. Huffer



Um comentário:

  1. A bíblia é muito clara.Sua intrpretação não é difícil.Em geral o que ela diz é o contrario do que ensinam as igrejas,por isso mesmo elas precisam de doutores para justificar seus erros.

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